O PCP vai lançar na Festa do Avante! uma campanha nacional em defesa da produção nacional, sob o lema Portugal a produzir – Emprego, soberania, desenvolvimento. Vasco Cardoso, da Comissão Política, apresentou-a na segunda-feira, em conferência de imprensa.
Com esta campanha, que terá início na Festa do Avante! com a apresentação de uma exposição no Pavilhão Central dedicada precisamente a este tema, o PCP pretende dar «expressão pública e institucional a um programa de medidas que, seja do ponto de vista sectorial seja do ponto de vista local ou regional, dinamizem o aparelho produtivo e afirmem um outro rumo para o País», realçou o dirigente comunista. Esta campanha «falará dos problemas concretos da vida nacional, longe das insignificantes querelas com que PS, PSD e CDS procuram iludir a actual situação, mas próxima do País profundo, da realidade concreta com que estamos confrontados», prosseguiu Vasco Cardoso.
Portugal a produzir constitui, assim, a definição de um rumo, «inverso ao da política de direita» e que corresponda às «legítimas aspirações dos trabalhadores e do povo português a uma vida melhor». No âmbito desta campanha, o Partido irá ao encontro de trabalhadores, pequenos produtores, micro, pequenas e médias empresas, instituições, ouvindo os seus problemas e aspirações, apresentando propostas e soluções.
Segundo o membro da Comissão Política, o principal objectivo desta acção é permitir uma «mais larga tomada de consciência de que este velho e arrastado caminho para o desastre e o declínio das actividades produtivas nacionais tem de ser urgentemente travado e que, numa perspectiva sólida de desenvolvimento económico e progresso social, e mesmo a solução dos actuais problemas financeiros, só será possível com uma nova política de apoio, revitalização e modernização do aparelho e do tecido produtivos nacionais, nas mais variadas áreas e sectores». Para o PCP, a produção nacional tem um valor estratégico para o aproveitamento de «todas as potencialidades e recursos do País, para a criação de emprego, para o combate à dependência externa, para a afirmação de uma via soberana de desenvolvimento».
Contrariar mentiras e mistificações
Vasco Cardoso chamou ainda a atenção para as causas da crise que o País enfrenta, uma das mais graves das últimas décadas: a persistência «numa política vinculada aos interesses dos grupos económicos e financeiros, de abdicação dos interesses nacionais, de desaproveitamento dos seus recursos e potencialidades». Assim se explica, na opinião dos comunistas, a actual situação de «estagnação e recessão económica, aumento da dívida externa e da dependência, desemprego e défices estruturais (alimentar, energético, industrial, tecnológico)».
Mas Portugal não é um País pobre, reafirmou o dirigente comunista, realçando que a defesa da produção e do aparelho produtivo nacional emergem como uma «incontornável resposta ao actual processo de declínio económico», inseparável da melhoria das condições de vida da população, do aumento dos salários e pensões, do alargamento dos direitos dos trabalhadores, do combate à precariedade e ao desemprego.
Rejeitando ser o défice ou a dívida pública os principais problemas do País, Vasco Cardoso apontou um outro, a dívida externa global, pública e privada. Esta resulta, destacou, de um «processo de desindustrialização, de degradação e do abandono do aparelho produtivo, das privatizações, do domínio do capital estrangeiro sobre a economia nacional e de uma política monetária e cambial conduzida pelo Banco Central Europeu, altamente penalizante das nossas exportações e actividades produtivas». O PCP considera ser absolutamente necessário «investir na produção e no aparelho produtivo, como condição para a defesa da nossa soberania, para a criação de emprego e o desenvolvimento do País».
Apostar na produção nacional
Na conferência de imprensa em que apresentou a campanha do PCP Portugal a Produzir, Vasco Cardoso salientou as propostas concretas dos comunistas nesta área. Pela sua importância, transcrevêmo-las na íntegra:
«O PCP propõe a adopção de uma política de Estado em defesa e promoção da produção nacional que contribua para concretizar um modelo de substituição de importações por produção nacional, promova um programa de industrialização do País, aproveite e potencie todos os recursos nacionais, tenha como objectivo garantir a soberania alimentar, o pleno emprego e o emprego com direitos, aposte prioritariamente na dinamização do mercado interno sem desguarnecer as exportações num quadro de alargamento e diversificação de relações externas e que tenha como eixos essenciais: